segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Review: Matéria sobre o lançamento do álbum "One Hot Minute" em 1995


Ainda em clima de aniversário de lançamento do álbum One Hot Minute, que nesta sexta feira (12) completou 19 anos de lançamento, será postado aqui no blog uma reportagem feita pelo site da Folha de São Paulo no dia 14 de setembro de 1995 sobre o lançamento do álbum na época, além de entrevista com a banda falando sobre o álbum e muito mais! 



Vale a pena rever a entrevista:

Red Hot Chili Peppers

ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

Quatro anos depois do lançamento de "BloodSugarSexMagik", o álbum que os transformou em superastros, sai "One Hot Minute", o sexto disco dos Red Hot Chili Peppers -e o primeiro com o novo guitarrista Dave Navarro, ex-integrante do Jane's Addiction.

As mudanças causadas pela entrada de Navarro são claras: mais que o funk marca registrada da banda, sobressai um pendor pelo rock, através de faixas longas, bastante improvisadas, onde a guitarra predomina.

É o segundo álbum da banda a ser produzido por Rick Rubin, o mesmo que ajudou álbum anterior a se tornar o best seller da discografia da banda: 3,5 milhões de cópias vendidas só nos Estados Unidos.

É também o mais variado: vale tudo, até um trecho pequeno, Pea, onde o baixista Flea, acompanhado apenas de seu instrumento, vocifera contra a homofobia.

A morte é um tema recorrente: River Phoenix, amigo pessoal de Flea, é lembrado em "Transcending, enquanto Kurt Cobain é o assunto de Tear Jerker.

Pouco depois de finalizar a mixagem de One Hot Minute, o vocalista Anthony Kiedis e o baterista Chad Smith - reunidos numa varanda de hotel em Los Angeles - falaram à Folha sobre o disco.

Leia a seguir trechos dessa entrevista.

Folha - Apesar de "One Hot Minute" ser apenas o primeiro disco dos Red Hot Chili Peppers com Dave Navarro, é um álbum que tem uma sonoridade de banda tão forte quanto "BloodSugarSexMagik".

Anthony Kiedis - Levando em consideração que esse é o primeiro disco que essas quatro pessoas fazem juntas, é um disco muito mais coeso do que, digamos, "Mother's Milk", que foi nosso primeiro disco com John Frusciante. Mas acho que esse processo todo levou apenas um disco para acontecer. Por que? Porque não tivemos pressa: foram dois anos desde que Dave entrou na banda até que o disco ficasse pronto.

Folha - E Dave toca guitarra e teclados no disco?

Kiedis - Ele toca "mellotron" em "Tear Jerker. E também é um pianista "nojento. Dave nem sabe o quanto ele é bom em diferentes instrumentos.

Na guitarra, também, ele utiliza uma variedade de "utensílios: como um "e-bow" (para dar maior sustentação às notas) no solo de "Falling Into Grave, que faz a guitarra soar como algo gravado por monges na Tunísia há quinhentos anos. Até pensei que ele tivesse roubado aquele som de alguma gravação muito antiga.

Folha - Por que vocês repetiram a dose com Rick Rubin?

Kiedis - Ele nos ajuda na hora de fazer as escolhas, está sempre aberto à troca de opiniões, e ele nunca sente a necessidade de ser um tirano: se a nossa idéia é melhor que a dele, prevalece. Se a dele for melhor, é a que fica. É um trabalho em grupo. Foi bom, aconteceu na hora certa.

Folha - Por que?

Kiedis - Porque ele mudou drasticamente, como pessoa - e nós também. Ele tinha hábitos nada saudáveis, e agora está interessado em purificar a mente, o corpo e a alma. Fica cada vez mais limpo, e cada vez mais esperto: faz ioga diariamente, come as comidas macrobióticas mais saudáveis, medita, lê constantemente. Juntos, nós vamos descobrindo qual é a do ser humano.

Folha - Vocês têm planos de se apresentar no Brasil?

Smith - Vamos voltar lá, provavelmente no ano que vem, mas primeiro iremos excursionar por Europa, Estados Unidos, Japão, Nova Zelândia e Austrália.

Folha - Você concorda com quem chama "One Hot Minute" de sombrio?

Smith - De certa forma. Passamos por uma época de muita auto-avaliação, muitas coisas boas aconteceram conosco - e muitas coisas ruins, também, especialmente com Flea e Anthony. Flea teve problemas de saúde, amigos dele morreram, e tudo isso influencia a música, porque o artista trabalha em cima de suas experiências de vida. Por isso acho que "One Hot Minute" é um documento excelente daquele momento em nossas vidas: é um disco feito de uma coisa sombria, embora também tenha coisas animadoras. É um disco muito catártico.

Folha - Parece também um disco de transição, que parece marcar um enorme passo adiante para a banda.

Smith - É como aconteceu entre a época de "Mother's Milk", quando John (Frusciante) e eu tínhamos acabado de entrar para a banda, e o disco "BloodSugarSexMagik": atingimos um outro nível, crescemos como músicos. É a mesma coisa agora. O potencial da banda, como está, é mortal! 

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